18. A fé

Nesta nova catequese, o Papa Francisco falou sobre a fé, enfatizando que "a fé é a virtude que faz um cristão".

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje gostaria de falar sobre a virtude da . Juntamente com a caridade e a esperança, esta virtude é chamada de "teológica". Há três virtudes teologais: a fé, a esperança e a caridade. Por que são teológicos? Porque eles só podem ser vividos graças ao dom de Deus. As três virtudes teologais são os grandes dons de Deus para a nossa capacidade moral. Sem eles poderíamos ser prudentes, justos, fortes e temperados, mas não teríamos olhos que enxergam mesmo no escuro, não teríamos um coração que ama mesmo quando não é amado, não teríamos uma esperança que ousa contra a esperança.

O que é fé? O Catecismo da Igreja Católica explica-nos que a fé é o ato pelo qual os seres humanos se abandonam livremente a Deus (n. 1814). Nessa fé, Abraão foi o grande pai. Quando ele concordou em deixar a terra de seus antepassados para ir para a terra que Deus lhe mostraria, provavelmente foi julgado tolo: por que deixar o conhecido pelo desconhecido, o certo pelo incerto? Mas por que fazer isso? Ele é louco? Mas Abraão parte, como se visse o invisível. Isto é o que a Bíblia diz sobre Abraão: "Ele foi como se estivesse vendo o invisível". Isso é bonito. E ainda será esse invisível que o fará subir a montanha com seu filho Isaque, o único filho da promessa, que só será poupado do sacrifício no último momento. Nesta fé, Abraão torna-se o pai de uma longa linhagem de filhos. A fé o tornou fecundo.

Um homem de fé será Moisés, que, acolhendo a voz de Deus mesmo quando mais de uma dúvida poderia abalá-lo, continuou a permanecer firme e a confiar no Senhor, e até mesmo a defender o povo que tantas vezes carecia de fé.

A mulher de fé será a Virgem Maria, que, recebendo o anúncio do Anjo, que muitos teriam rejeitado como demasiado exigente e arriscado, responde: "Eis aí, serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1, 38). E com o coração cheio de fé, com o coração cheio de confiança em Deus, Maria parte por um caminho do qual não conhece nem o caminho nem os perigos.

A fé é a virtude que faz um cristão. Porque ser cristão não é, antes de tudo, aceitar uma cultura, com os valores que a acompanham, mas ser cristão é acolher e preservar um vínculo, um vínculo com Deus: eu e Deus; a minha pessoa e o rosto amoroso de Jesus. Esse vínculo é o que nos torna cristãos.

Sobre a fé, vem à mente um episódio do Evangelho. Os discípulos de Jesus estão atravessando o lago e são pegos pela tempestade. Pensam que podem sobreviver com a força dos braços, com os recursos da experiência, mas o barco começa a encher-se de água e entram em pânico (Mc 4, 35-41). Eles não percebem que têm a solução diante de seus olhos: Jesus está lá com eles no barco, no meio da tempestade, e Jesus está dormindo, diz o Evangelho. Quando finalmente o acordam, assustados e até com raiva porque os deixa morrer, Jesus os repreende: "Por que vocês têm medo? Você ainda não tem fé?" (Mc 4,40).

Eis, pois, o grande inimigo da fé: não é a inteligência, não é a razão, como, infelizmente, alguns continuam a repetir obsessivamente, mas o grande inimigo da fé é o medo. Por isso, a fé é o primeiro dom a ser acolhido na vida cristã: um dom que deve ser acolhido e pedido diariamente, para que se renove em nós. Aparentemente é um pequeno presente, mas é o essencial. Quando nos levaram à pia batismal, nossos pais, depois de anunciarem o nome que haviam escolhido para nós, foram questionados pelo sacerdote – isso aconteceu em nosso Batismo – "O que você pede à Igreja de Deus?" E os pais responderam: "Fé, batismo!"

Para um pai cristão, consciente da graça que lhe foi dada, esse é o dom de pedir também por seu filho: a fé. Com isso, um pai sabe que, mesmo em meio às provações da vida, seu filho não se afogará no medo. Aqui, o inimigo é o medo. Ele também sabe que, quando deixar de ter um pai nesta terra, continuará a ter um Deus Pai no céu, que nunca o abandonará. Nosso amor é tão frágil, e somente o amor de Deus vence a morte.

É claro que, como diz o Apóstolo, a fé não é para todos (cf. 2 Ts 3, 2), e mesmo nós, que somos crentes, muitas vezes percebemos que temos apenas um pequeno suprimento. Jesus muitas vezes pode nos censurar, como fez com seus discípulos, por sermos "homens de pouca fé". Mas é o dom mais feliz, a única virtude que nos é permitido invejar. Porque quem tem fé é habitado por uma força que não é apenas humana; de fato, a fé "desencadeia" a graça em nós e abre a mente para o mistério de Deus. Como Jesus disse certa vez: "Se tivésseis fé como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: 'Arranca-te e vai plantar-te no mar', e ela te obedeceria" (Lc 17, 6). É por isso que também nós, como os discípulos, lhe repetimos: Senhor, aumenta a nossa fé! (Lc 17, 5) É uma linda oração! Vamos todos dizê-lo juntos? "Senhor, aumenta a nossa fé." Dizemos juntos: "Senhor, aumenta a nossa fé". Muito fraco, um pouco mais forte: "Senhor, aumenta a nossa fé!" Obrigado.